22 de nov. de 2008

Anjo desbotado


Agora quase desbotado o anjo dourado vai-se embora,
pois uma flor só é flor se tem em si suas pétalas,
mesmo que os espinhos ainda façam parte dela.
Estranho pensar que faz tanto tempo que não te vejo
e mesmo assim ainda busca saber
se escrevo alguma coisa de ti.
Tento fugir de todas as lembranças,
apago as fotos,
censuro minhas poesias
e trago comigo apenas magoas
vindas de teu frio coração.
Temo saber de tua incerteza
e até mesmo a tua falta de sensibilidade
em afirmar que nunca te amei.
Injusto...
Mas fazer o que
se não me deixa se quer dizer nada.
Tarde demais para se arrepender,
tarde demais para dizer adeus.
Acredito que em todos os tempos
o amor é a única medida de tudo,
mas tu não vês assim.
E no final de tudo isso
não restou nem mesmo
o que nunca deveria ter sido,
apenas amigos.
A esperança é negra,
é vazia
e mesmo que não mais a veja
eu a terei sempre em mim
pois o amor só é amor
se ainda existir esperança.

17 de nov. de 2008

Será que Deus também está envolvido nisso?


Eu queria só morrer de vez em quando,
só pra saber o tamanho da saúde
que ainda tens por mim.
Pois a tua verdade está debaixo da água salgada,
debaixo dos pés do demônio
que fizeram a tua imagem ser a primeira coisa
que vejo quando fecho os olhos pra chorar.

10 de nov. de 2008

Fragmentos


Pego os pedaços do que sobrou
e jogo em baixo do tapete,
arrumo as gavetas
e o quarto,
guardo as fotografias
e apago a última imagem do que restou.
Não tenho mais o mesmo prazer em escrever,
não bebo mais da mesma fonte,
apenas enxugo da boca
os restos de tua presença.

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